A intolerância hereditária à frutose tem como defeito enzimático
primário a ausência aldolase B, responsável pela clivagem da
frutose-1-fosfato. A três mutações mais comuns, responsáveis por 80% dos
casos de intolerância hereditária à frutose são A149P, A174D e N334K, sendo que
a primeira é responsável por 50% dos casos.Todos os sinais e sintomas são
decorrentes do acúmulo da frutose-1-fosfato, da diminuição do nível de fósforo
inorgânico intracelular, do desarranjo no potencial de fosfato e das inibições
enzimáticas secundárias ao acúmulo de frutose-1-fosfato, devido à inibição da
fosforilação da frutose pela frutoquinase. Conseqüentemente, há o aumento de
frutose no sangue e eliminação pela urina, o bloqueio da atividade da
fosforilase e frutose-1,6-difosfato- -aldolase, que acarreta diminuição na
formação de glicose e de glicogênio, e interrupção da gliconeogênese. Os
bloqueios enzimáticosenvolvendo a fosforilase e a frutose-1,6- difosfatase
explicam o aparecimento da hipoglicemia persistente. Os outros sintomas, como
náuseas e vômitos, são explicados pelo acúmulo de frutose-1-fosfato e pelo
desarranjo do metabolismo do fosfato e da energia na mucosa intestinal. As
alterações promovendo o acúmulo de frutose-1-fosfato e alteração do metabolismo
de fosfato provocam, nos rins, perda da capacidade de acidificação urinária e
da reabsorção tubular de fosfato pelos túbulos. A forma de transmissão dessa
doença é a herança autossômica recessiva, sendo os pais, via de regra,
normais.
Há uma nítida inter-relação entre o metabolismo da frutose e o da
glicose. A frutose administrada oralmente ou por via endovenosa é captada pelas
células do fígado, onde é convertida em glicose e principalmente em glicogênio.
Apesar da estimulação da gliconeogênese, a administração de frutose pura produz
apenas pequenos aumentos da glicemia. A frutose, além de ser uma fonte de
energia em substituição a outros carboidratos da dieta, apresenta, também, um
efeito catalítico, isto é, pode estimular a translocação da glicoquinase para
fora do núcleo do hepatócito. A glicoquinase translocada será responsável pela
fosforilação da glicose, uma etapa determinante do metabolismo hepático da
glicose. O aumento da atividade das enzimas lipogênicas no fígado resulta em maior
síntese de lipídios, e, como conseqüência, níveis mais elevados de lipídios
totais na circulação e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).
Não há predominância entre os sexos
(autossômica) sendo necessário que o indivíduo possua ambos os genes
defeituosos para manifestar a doença (recessiva). A pessoa portadora sadia tem
um gene mutante para a patologia, mas não a desenvolve; já que para desenvolver
é preciso ter dois genes defeituosos. Quando um portador sadio tem um filho com
uma pessoa também portadora, há 25% de chance de ter um filho afetado a cada
gestação. No caso do um paciente com Frutosemia, se o cônjuge não tiver o gene
mutante, ou seja, for não afetado, os filhos (todos) serão portadores de um
gene defeituoso, mas não terão a doença. Já se o cônjuge do paciente com essa
patologia for um portador sadio, há 50% de chance de nascerem filhos saldáveis,
mas e 50% com Frutosemia em cada gestação. Caso ambos os genitores forem
portadores da doença, todos os filhos também terão.
Referências:
-Barreiros, R.C.;.et al. Frutose em humanos: efeitos metabólicos, utilização clinica e erros inatos associados. Revista de nutrição. Campinas, 18(3);377-389, maio/jun,2005
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