domingo, 7 de outubro de 2012

Metabolismo e Genética


  A intolerância hereditária à frutose tem como defeito enzimático primário a ausência aldolase B, responsável pela clivagem da frutose-1-fosfato. A três mutações mais comuns, responsáveis por 80% dos casos de intolerância hereditária à frutose são A149P, A174D e N334K, sendo que a primeira é responsável por 50% dos casos.Todos os sinais e sintomas são decorrentes do acúmulo da frutose-1-fosfato, da diminuição do nível de fósforo inorgânico intracelular, do desarranjo no potencial de fosfato e das inibições enzimáticas secundárias ao acúmulo de frutose-1-fosfato, devido à inibição da fosforilação da frutose pela frutoquinase. Conseqüentemente, há o aumento de frutose no sangue e eliminação pela urina, o bloqueio da atividade da fosforilase e frutose-1,6-difosfato- -aldolase, que acarreta diminuição na formação de glicose e de glicogênio, e interrupção da gliconeogênese. Os bloqueios enzimáticosenvolvendo a fosforilase e a frutose-1,6- difosfatase explicam o aparecimento da hipoglicemia persistente. Os outros sintomas, como náuseas e vômitos, são explicados pelo acúmulo de frutose-1-fosfato e pelo desarranjo do metabolismo do fosfato e da energia na mucosa intestinal. As alterações promovendo o acúmulo de frutose-1-fosfato e alteração do metabolismo de fosfato provocam, nos rins, perda da capacidade de acidificação urinária e da reabsorção tubular de fosfato pelos túbulos. A forma de transmissão dessa doença é a herança autossômica recessiva, sendo os pais, via de regra, normais. 

Há uma nítida inter-relação entre o metabolismo da frutose e o da glicose. A frutose administrada oralmente ou por via endovenosa é captada pelas células do fígado, onde é convertida em glicose e principalmente em glicogênio. Apesar da estimulação da gliconeogênese, a administração de frutose pura produz apenas pequenos aumentos da glicemia. A frutose, além de ser uma fonte de energia em substituição a outros carboidratos da dieta, apresenta, também, um efeito catalítico, isto é, pode estimular a translocação da glicoquinase para fora do núcleo do hepatócito. A glicoquinase translocada será responsável pela fosforilação da glicose, uma etapa determinante do metabolismo hepático da glicose. O aumento da atividade das enzimas lipogênicas no fígado resulta em maior síntese de lipídios, e, como conseqüência, níveis mais elevados de lipídios totais na circulação e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).



  Não há predominância entre os sexos (autossômica) sendo necessário que o indivíduo possua ambos os genes defeituosos para manifestar a doença (recessiva). A pessoa portadora sadia tem um gene mutante para a patologia, mas não a desenvolve; já que para desenvolver é preciso ter dois genes defeituosos. Quando um portador sadio tem um filho com uma pessoa também portadora, há 25% de chance de ter um filho afetado a cada gestação. No caso do um paciente com Frutosemia, se o cônjuge não tiver o gene mutante, ou seja, for não afetado, os filhos (todos) serão portadores de um gene defeituoso, mas não terão a doença. Já se o cônjuge do paciente com essa patologia for um portador sadio, há 50% de chance de nascerem filhos saldáveis, mas e 50% com Frutosemia em cada gestação. Caso ambos os genitores forem portadores da doença, todos os filhos também terão.

Referências:
-Barreiros, R.C.;.et al. Frutose em humanos: efeitos metabólicos, utilização clinica e erros inatos associados. Revista de nutrição. Campinas, 18(3);377-389, maio/jun,2005

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